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Antes de tudo, um forte abraço, em amor à História e à Verdade...

domingo, 1 de agosto de 2010

PMs ACUSADOS DE INTEGRAR GRUPO DE EXTERMÍNIO QUE MUTILAVA SÃO JULGADOS. SÓ QUATRO? E OS OUTROS CASOS?

Não se pode NEGAR que HÁ GRUPOS DE EXTERMÍNIO formados por matadores fardados e encapuzados. Certo?

PMs são julgados por integrar grupo de extermínio que decapitou deficiente mental em SP


“A polícia é paga para dar proteção e não para destroçar famílias". Concordam?


Tem que concordar. Não tem como NÃO concordar.


O POVO tem que CONFIAR na polícia!


Já bastam os BANDIDOS, mas, POLICIAIS BANDIDOS é demais! Vira ANARQUIA.


Existem as Leis. Há a JUSTIÇA. Senão estão funcionando, que sejam mudadas rapidamente.


Bandidos são BANDIDOS. Policiais não devem ser bandidos e agir fora da Lei e cometer crimes, dentro de uma organização, como se fosse uma ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA.

Perfil de grupos de extermínio mudou ao longo dos anos, afirma Promotor do Rio de Janeiro


"À medida que o tempo vai passando, o grupo de extermínio, ante essa ausência do Estado, começa a praticar infrações penais. Esses grupos, que antigamente se contentavam com pequenas mesadas de comerciantes, começam a se sentir tão à vontade que começam a extorquir esse comerciante e a retirarem dos traficantes parcelas dos lucros auferidos", relata Muniz.

A afirmação é do promotor de Justiça do Tribunal de Júri do município de Nova Iguaçu, Marcelo Muniz, que atua na região há quatro anos.

 "Os grupos de extermínio surgiram como uma necessidade de suprir a ausência do Estado. Os grandes comerciantes e as pessoas da própria localidade tiveram a idéia que, diante dessa ausência, seria necessário contratar pessoas para gerir a segurança no local", disse. "E entendia-se, com essa segurança, que muitas vezes era necessário tirar a vida de algumas pessoas que se achava serem prejudiciais à comunidade", acrescentou.


As investigações de chacinas e assassinatos praticados por grupos de extermínio da Baixada fluminense desde 1999 revelam uma mudança no perfil dessas quadrilhas, mostrando, por exemplo, ligações de seus integrantes - a maioria policiais militares - com a disputa por pontos de venda de droga na localidade.

Segundo ele, um processo que tramita na Justiça desde 2000 mostra esse novo perfil dos grupos de extermínio.

 Em dezembro de 1999, policiais pertencentes a um grupo chamado de "Justiceiros" mataram seis pessoas em Cabuçu, Nova Iguaçu (RJ). Três dessas pessoas foram executadas por terem depredado o carro de um dos policiais e outras três foram assassinadas por terem presenciado um assalto a um estabelecimento comercial, cometido por esses policiais.

O processo do caso, que ficou conhecido como Chacina da Boa Esperança, aponta indícios de que alguns membros do grupo disputavam pontos de venda de droga na favela da Boa Esperança.

"Não se pode mais dizer o que dizia antigamente. Quando determinada comunidade tinha um grupo de extermínio, ali não existiria tráfico, roubo, extorsão ou estupros", afirma Muniz.

"Hoje o próprio grupo de extermínio, muitas das vezes, está inserido nessa atividade ilícita. A gente pode perceber isso, com nitidez, nesses últimos oito ou nove anos".

A Baixada Fluminense é um conhecido local de assassinatos promovidos por grupos de extermínio.

O episódio mais famoso ocorreu em 31 de março de 2005, quando 29 pessoas foram mortas em ruas de Nova Iguaçu e Queimados.

 Todos os cinco acusados são policiais militares e suspeitos de integrar uma quadrilha.
Fonte: Radiobrás


http://embolandopalavras.wordpress.com/2009/10/22/

ACONTECEU

Sábado, Maio 29, 2010Postado por MÃES DE MAIO



''Ninjas'' são 1º alvo do novo corregedor da PM


Coronel também assumiu Inquérito Policial Militar que investiga a morte do comandante da PM na zona norte José Hermínio Rodrigues, em 2008



29 de maio de 2010
0h 00


Leandro Calixto e Marcelo Godoy - O Estado de S.Paulo



O coronel Admir Gervásio Moreira, de 57 anos, mal sentou na cadeira de Corregedor da Polícia Militar e tomou duas decisões: fechou o cerco ao grupo chamado Ninjas da PM, suspeito de 23 mortes na Baixada Santista, e assumiu a presidência do Inquérito Policial Militar (IPM) sobre a morte do coronel José Hermínio Rodrigues, assassinado em 2008 por policiais quando comandava a zona norte de São Paulo.



Gervásio passou o dia dando entrevistas - foram nove ontem.

Descontraído, contou sua paixão pelo futebol. Não o dos estádios, mas o da várzea.

 "Sou mais varzeano, como se diz: "maloqueiro". E palmeirense", brincou.

O sorriso fácil trai a fama de durão que ele conquistou na corporação. Pouco antes, o coronel contara que determinou que oito equipes do Patrulhamento Disciplinar Ostensivo desçam a Serra do Mar para fiscalizar os policiais da Baixada. Mandou ainda uma equipe do serviço reservado para lá.
O objetivo é reforçar a vigilância sobre os homens do patrulhamento do litoral e se aproximar da tropa até que alguém delate os matadores.

Nessa tarefa, ele conta com a ajuda do recém-criado Centro de Inteligência da PM.

O comandante do centro, o coronel Leônidas Pantaleão de Santana, presidirá o IPM da Baixada.

"A Baixada é uma das nossas prioridades e terá tratamento diferenciado."

O comando quer elucidar tudo. A outra prioridade é a morte de Hermínio, Gervásio está avaliando procedimentos e informações do IPM.

O atraso nessas apurações levou à queda do antecessor de Gervásio, o coronel Davi Rosolen.

Racismo.

 O novo corregedor disse que a corporação vai aproveitar a instrução continuada para pedir mais cautela aos policiais em casos envolvendo motoboys. Dois deles foram mortos por PMs em São Paulo. Em um dos casos - o do motoboy Alexandre Menezes dos Santos - os policiais foram ainda acusados de racismo - a vítima era negra.

Quando foi nomeado coronel, em 2008, Gervásio era o único negro entre 54 coronéis da PM.

"Nunca sofri com racismo na PM. Graças a Deus."

Católico, casado e pai de quatro filhos, o novo corregedor não se assusta com o aumento de pessoas mortas em tiroteios com PMs.

"Os criminosos estão mais ousados."
Gervásio diz que já perdeu a conta de quantos policiais bandidos mandou para a cadeia. "Mas todos com Justiça."


Motoboy


Os 12 PMs acusados de torturar até a morte Eduardo dos Santos, de 30 anos, foram soltos ontem.
A corporação alega que acabou o período de 30 dias da prisão temporária e não houve renovação.


http://maesdemaio.blogspot.com/2010/05/ninjas-sao-1-alvo-do-novo-corregedor-da.html


A morte que denuncia Grupos de Exterminio

SÃO PAULO - Embora setores da segurança pública resistam em admitir a existência, infelizmente volta e meia os fatos se sobrepõem às avaliações constatando que em plena era de zelos com a cidadania, especialmente os direitos humanos, a ação fatal de Grupos de Extermínio em zonas de fronteira em nosso Estado continua a produzir vitimas.

É o que se efetiva de ontem para cá diante do assassinato, na praia de Acau, no município de Pitimbu, vitimando o ex-vereador do PT, Manoel Matos.

Embora militante político em Itambé, Manoel Matos era muito conhecido em Pedras de Fogo – município da Paraíba, tanto que era uma das principais figuras a denunciar o Crime Organizado na fronteira dos dois Estados, infelizmente com a participação de policias na ação cretina.

Desde quando perdeu o mandato em 31 de dezembro passado que Manoel Matos – testemunha especial da CPI do Grupo de Extermínio -  vivia se queixando junto ao deputado federal Luiz Couto, ex-presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito, de ameaças constantes de morte, ontem consumada com a ação de dois motoqueiros encapuzados.

O fato é que Manoel Matos passa a constar da lista interminável de trabalhadores atingidos pela ação bandida que, infelizmente também não tem tido o combate eficaz do aparelho policial do Estado.

Mesmo assim, o registro da morte do ex-vereador não pode cair no esquecimento, portanto, compete ao PT e os segmentos ligados aos Direitos Humanos partirem para exigências de providências imediatas sob pena de prevalecer no contexto a impunidade como repetência sob os olhos do Estado.

http://www.wscom.com.br/blog/ws/post/pos
 
O Procurador do Estado, Antonio Mafezzoli, acusou ontem o governo de Alberto Goldman (PSDB) de se omitir na investigação sobre a matança de jovens na Baixada Santista.

Em entrevista ao Brasília Confidencial, o procurador também associa os casos aos de maio de 2006.

Na ocasião, pelo menos nove pessoas foram mortas na região em represália da polícia a ataques da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).

"Há uma grave omissão do Estado, complacente com este tipo de procedimento", acusou Mafezzoli.

"A violência atingiu de novo um grau desproporcional, sem que a polícia tomasse qualquer providência para apurar a autoria dos crimes. O serviço de inteligência da Polícia Civil já deveria estar levantando a identidade dos autores, que não podem ficar impunes”, reclamou.

Na íntegra em: http://maesdemaio.blogspot.com/2010/05/r




[Baixada Santista/Guarujá]: MÍDIA  Oficial confirma denúncias feitas no CMI
Por guarujaense 08/07/2010 às 00:41

Quem viu pelo CMI ficou sabendo antes o verdadeiro porquê da ONDA DE EXTERMÍNIO de abril/maio.

Denúncia original em http://www.midiaindependente.org/pt/blue


A VERDADE SEMPRE APARECE. Digo e REPITO:



LEIAM - OUTRO CASO: Corpo do pedófilo irmão de policial localizado no fim de maio

Com dois meses de atraso, a maioria dos veículos de comunicação "descobriu" que os grupos de extermínio da região são formados por POLICIAIS e que a onda de matanças de abril-maio foi uma vingança dos grupos pela morte de um pedófilo em Guarujá no início de abril.

Com hipocrisia e dissimulação chefes de polícia da Baixada Santista e diversos meios de "comunicação" do dia para a noite resolveram "descobrir" e "revelar" o que todo mundo já sabia sobre as causas do toque de recolher posterior a 19 de abril.

Localizando a origem dos homicídios e ações dos grupos de extermínio antes da morte do PM Paulo Raphael (vulgo "Raphael Louco") em 18 de abril é que podemos observar que o assassinato do referido policial foi só mais um elo na cadeia de homicídios e represálias desencadeados em Guarujá e espalhados para toda a região do litoral de SP entre abril e maio.

Para encobrir seus companheiros muitos deles ligados a grupos de extermínio, como era o caso do próprio "Raphael Louco" o comando da polícia primeiro falou em ataques aleatórios contra policiais e população civil causados pelo narcotráfico.

 Com o apoio da mídia jogaram uma cortina de fumaça sobre os homicídios e suas causas.

Esconderam ao máximo a participação dos MATADORES FARFADOS e ENCAPUZADOS nos assassinatos e na ordem de toque de recolher imposta à região.

 Raphael foi escolhido a dedo para ser morto, não porque era duro contra traficantes de drogas, como a imprensa gosta de supor.

Praticava todo tipo de agressões contra as pessoas que revistava, independente de quem fosse e foi o mesmo Raphael que atacou moradores da Prainha (BAIRRO DE PERIFERIA) atrás do corpo do pedófilo linchado e morto.


Detalhes Adicionais

Depois da invasão de 01/06, ainda em andamento, das tropas do Choque e Rota em Guarujá (invasão que, de novo, -A IMPRENSA SILENCIOU-, só vindo a falar no fato com 3 dias de atraso), o corpo do pedófilo foi rapidamente localizado em uma afastada favela no bairro da Enseada.

Dias antes, alguns membros do grupo de extermínio foram presos em Guarujá, Cubatão e Santos.

É claro que outros integrantes do grupo continuam soltos e a "prisão preventiva" de vários deles tem dia para acabar.

Foi depois da prisão dos membros do grupo de extermínio que o corpo foi achado. Não dá nem pra desconfiar de um acordo entre forças policiais e integrantes do PCC que sumiram com o corpo do pedófilo depois do linchamento, expondo as periferias da região ao terror policial.

A cabeça desfigurada arremessada na estrada Cônego Domênico Rangoni uma semana antes da morte do policial Raphael e que disseram ser do pedófilo não era dele.

De toda forma, os grupos de extermínio e a polícia não aceitaram o "desaforo" e usaram o episódio como desculpa para EXTERMINAR nos bairros de periferia.

Depois de 22 de abril  PEDAÇOS talvez do mesmo corpo foram achados na favela da Prainha e diziam ser os do pedófilo, que foi esquartejado, não mais pela comunidade, mas por GENTE DO TRÁFICO QUERENDO GUERRA.

Depois da localização deste CORPO ESQUARTEJADO passou-se a falar em diminuição dos assassinatos, fim do toque de recolher e volta à normalidade. É claro que ocorreu um ACORDO e o tal cadáver acabou sendo uma forma de diminuir o TERROR POLICIAL e fazer recuar os grupos de extermínio, que estavam DESCENDO PARA O LITORAL com reforços.

Só depois de 01/06 é que A MAIOR PARTE DA VERDADE apareceu, não porque mais tropas estavam nas ruas e sim porque AMBOS OS LADOS, pra não falar DE UM SÓ resolveram pôr um fim na história (fim?), PRINCIPALMENTE depois da pressão de comerciantes, governo estadual, Consulado Norte-Americano e dos próprios traficantes que, em alguns dias viram o movimento do seu comércio cair em diversos bairros graças aos confrontos.

PUBLICADO NO JORNAL "A TRIBUNA" DA REGIÃO:
Segunda-feira, 31 de maio de 2010 - 20h08

Onda de violência
Polícia localiza corpo enterrado em terreno no Morro da Vila Baiana

Da Redação

A polícia encontrou na manhã desta segunda-feira um corpo em estado adiantado de decomposição, enterrado no Morro da Vila Baiana, na Enseada, em Guarujá.

Suspeita-se que ele seja irmão de um policial militar de São Paulo, pivô de uma onda de execuções na Baixada Santista.

O desconhecido tem cerca de um 1,90 metro de altura. Ele estava com as mãos e pés amarrados com uma corda, aparentava estar morto há mais de dois meses e apresentava sinais de que foi torturado.

As buscas estavam sendo realizadas no local há cerca de uma semana. Uma pá quebrada e uma cueca rasgada teriam sido as primeiras pistas para que o corpo fosse encontrado. Três cães farejadores auxiliaram nas buscas.

Onda de violência

Após o soldado Paulo Raphael Ferreira Pires, de 27 anos, da Força Tática do 21º BPM/I (Guarujá), ser morto com tiros de fuzil, UMA SÉRIE DE ASSASSINATOS ocorreu na região.

O crime aconteceu enquanto ele dirigia o seu carro, em Vicente de Carvalho, no dia 18 de abril.

Entre os dias 18 e 26 de abril foram contabilizados 22 homicídios.

Vale a pena se inteirar sobre os fatos.

Na íntegra em: http://www.midiaindependente.org/pt/red/

Grupos de extermínio se unem para formar milícia em SP

Investigações do Ministério Público Estadual e das polícias Civil e Militar apontam que PMs suspeitos de integrar grupos de extermínio nas zonas norte e leste se uniram para formar uma espécie de milícia.

A informação é da reportagem de André Caramante, Rogério Pagnan e Afonso Benites publicada na edição deste sábado da Folha (íntegra somente para assinantes do jornal ou do UOL).

O texto afirma que o grupo envolve policiais de ao menos quatro batalhões na capital e tem cerca de 50 integrantes. Já os objetivos desses PMs, segundo a cúpula da segurança pública, são: torná-los um grupo mais forte para assumir o controle do tráfico de drogas e intimidar policiais civis para evitar prisões.

Documentos obtidos pela Folha revelam que parte do plano já está em execução. Há ainda escutas telefônicas apontando a ligação entre os dois grupos.

Dois delegados e um investigador do DHPP (departamento de homicídios), responsáveis por investigar mortes na zona norte e chacinas, foram ameaçados por homens que a Polícia Civil acredita serem PMs.


http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/749859-grupos-de-exterminio-se-unem-para-formar-milicia-em-sp.shtml

Grupos de Extermínio em São Paulo: Impunidade

Quem vê o Brasil de fora acha que o Rio de Janeiro é o estado mais violento do mundo. O Rio tem uma polícia que mata, Salvador, Recife e outras capitais estão na lista de cidades violentas e cuja polícia é igualmente violenta. Mas e São Paulo?

Vejo a campanha do candidato José Serra reforçar o discurso no tom da Segurança Pública. O ex-governador de São Paulo promete até a criação de um Ministério da Segurança Pública.

O Estado de São Paulo é governado há 16 anos consecutivos pelos tucanos e, em 2006, vivemos dias de horrores, reféns dos ataques do PCC e, logo depois uma nova temporada de horror com a repressão policial que matou quem tinha culpa no cartório e quem não tinha.

Para refletirmos sobre a distância do discurso e da prática, destaco a primeira reportagem sobre a situação da Segurança Pública na Baixada Santista, região do litoral do estado de São Paulo.

Grupos de extermínio matam com a certeza da impunidade

As investigações indicam a participação de policiais militares em chacina na Baixada Santista. Até agora, foram presos 23 PMs suspeitos de envolvimento nas mortes do litoral.

Por: Tatiana Merlino, da Caros Amigos

Quem vai comprar cigarro com o Chimiro sou eu, diz Marcos Paulo. – Nem vem… Eu que vou, retruca o rapaz.
Depois de muita discussão, Marcos Paulo pega o capacete e monta na garupa da moto do amigo de infância: “Eu é que vou”, diz, decidido.
 O trajeto do Bar Paradinhas, no bairro de Catiapoã, em São Vicente, até o local onde os rapazes querem comprar cigarro, não é longo. Àquela hora da madrugada, véspera de feriado de Tiradentes, seria ainda mais rápido. Logo estariam de volta ao bar, onde outros amigos da turma o esperavam.

Erich, de 21 anos, conhecido como Chimiro pelos amigos, dirige a moto, e Marcos Paulo, de 18, vem à garupa.
A moto vira na Rua Pérsio de Queiroz Filho e, antes de chegar no meio da primeira quadra, duas motos vêm em direção aos rapazes.
Cada uma delas com dois homens.
Na esquina, um carro preto, modelo Siena, bloqueia a passagem.
Ao serem abordados por um dos homens da moto, os jovens tiram os capacetes e mostram as identidades. Marcos Paulo é o primeiro a ser atingido.
Ele tenta se defender.
Levanta e cruza os braços para se proteger das balas.
 Em vão.
 Ele é atingido por mais de dez disparos no peito,
 orelha esquerda,
cabeça,
ombro,
costas,
 braços e
pernas.
 Na sequência, Erich leva três tiros: mão direita, tórax e pescoço.

Horas antes, Marcos Paulo saía de casa de bicicleta para encontrar os amigos num bar.

Às 23h, falou com a mãe, Flávia, ao telefone. “Não saia hoje, não, meu filho”.
“Ah, mãe, hoje é véspera de feriado”, respondeu o rapaz.

 Do bar, Marcos Paulo foi a uma festa com amigos e, depois, todos foram ao Paradinhas.
 Flávia fazia plantão na enfermagem de um hospital de Santos quando recebeu, pouco depois das 4 horas da manhã, um telefonema:

“O Marcos Paulo levou um tiro”, ouviu da irmã.

A enfermeira seguiu até o Centro de Referência em Emergência e Internação (Crei) de São Vicente, para onde o rapaz teria sido levado.

“Ninguém deu entrada aqui com esse nome”, ouviu, chegando ao hospital.

– Como ninguém foi buscá-lo? Ele foi baleado!

– Acho que não tinha transporte, senhora.

A mãe de Marcos Paulo seguiu para o local do crime. Lá, encontrou o corpo do filho no chão, coberto por um lençol. – Pode mexer nele, mãe –, Flávia ouviu de um policial militar – Como? Eu não posso mexer. Quando é assassinato, ninguém pode chegar perto, e vocês ainda não fizeram perícia.

Marcos Paulo Soares Canuto e Erich Santos da Silva estão entre as 22 pessoas que foram mortas na Baixada Santista (SP), no período entre 18 e 26 de abril, após o assassinato do soldado da Força Tática Paulo Rafael Ferreira Pires, em Vicente de Carvalho, no Guarujá, no dia 18.

Os principais suspeitos dos assassinatos são policiais militares que integrariam um grupo de extermínio.

O modus operandi das ações são semelhantes às ocorridas em maio de 2006.

“A relação entre a série de crimes de 2006 e os de 2010 é que ambos foram cometidos na sequência de mortes de policiais por grupos de extermínio com indícios de serem formados por policiais, com pessoas encapuzadas ocupando uma moto, acompanhadas de um carro, usando mini metralhadora e com recolhimento dos projéteis logo depois, desconfigurando a cena do crime”, acredita o defensor público do Estado Antonio Mafezzoli.

Até o fechamento da edição, 23 policiais da Baixada Santista haviam sido presos administrativamente. Eles são suspeitos de fazer parte do grupo de extermínio conhecido como “Ninjas” que matou 22 pessoas no litoral paulista. Caso haja evidências da participação desses policiais nas mortes, a Corregedoria pode pedir a prisão temporária dos acusados. Os nomes dos suspeitos não foram divulgados.

Projéteis recolhidos

A reportagem da Caros Amigos teve acesso aos Boletins de Ocorrência (BOs) de cinco vítimas de São Vicente (quatro óbitos e um sobrevivente) e oito de Vicente de Carvalho, no Guarujá – seis mortes e duas tentativas. Na maioria deles, constava a informação de que “não foram arrecadados cartuchos ou projéteis [para perícia]” e, também, que as vítimas foram abordadas por indivíduos encapuzados. Embora os representantes das Polícias Civil e Militar tenham considerado a possibilidade da participação de policiais nos assassinatos de abril, os crimes ainda não foram esclarecidos.
Tatiana Merlino é jornalista
tatianamerlino@carosamigos.com.br

http://mariafro.com.br/wordpress/?p=18194

Grupo de extermínio é condenado a 18 anos e oito meses de prisão


Ex-policiais fariam parte do grupo 'Highlanders', que cortava a cabeça e mãos de suas vítimas

30 de julho de 2010
2h 30
Bruno Lupion, do estadão.com.br


SÃO PAULO - Os ex-policiais militares Anderson dos Santos Salles, Joaquim Aleixo Neto, Moisés Alves dos Santos e Rodolfo da Silva Vieira foram condenados na madrugada desta sexta-feira, 30, a 18 anos e oito meses de prisão pela morte de Antônio Carlos Silva Alves, portador de deficiência mental, em outubro de 2008.

Eles integravam o 37º Batalhão da Polícia Militar de São Paulo e fariam parte do grupo de extermínio conhecido por "Highlanders", que decapitava suas vítimas.

O júri popular, composto por cinco homens e duas mulheres, acolheu integralmente os argumentos da acusação, após mais de 16 horas de julgamento no Fórum de Itapecerica da Serra, região metropolitana de São Paulo.

Na época do crime, Alves tinha 31 anos e foi encontrado com a cabeça decapitada, as mãos decepadas e um corte na barriga em forma de cruz.

Celso Vendramini, advogado dos ex-policiais, disse que vai recorrer.

Alves foi visto pela última vez em 9 de outubro de 2008, numa viatura do 37º Batalhão, pela irmã Vânia Lúcia da Silva de Santana Alves.

Enterrado como indigente, a família só conseguiu reconhecê-lo durante as investigações graças a uma tatuagem de teia de aranha no braço esquerdo.

Investigação

O caso veio à tona com os assassinatos de Roberth Sandro Campos Gomes, de 19 anos, o Maranhão, e Roberto Aparecido Ferreira, de 20, o Bebê, ambos decapitados em 30 de maio de 2008.

Os corpos foram encontrados em um terreno em Itapecerica da Serra.

A Polícia Civil indiciou 14 PMs pela morte dos três decapitados.
Segundo as investigações, o grupo de extermínio obrigava menores infratores a roubar para a organização e quem desobedecia era morto.
Todos ficaram detidos no Presídio Militar Romão Gomes, zona norte da capital.
Nove continuam presos.

Sentença

Ao ler a sentença, às 2h15, o juiz Antonio Augusto Galvão de França Hristov afirmou que os ex-policiais "deveriam ter sido os primeiros a proteger a vítima, o que não ocorreu" e

 lembrou que o crime causou "grande repercussão social e comprometimento da imagem da digna Polícia Militar".

 Para Hristov, houve abuso de autoridade e violação do dever inerente ao cargo.

Os quatro foram condenados por homicídio duplamente qualificado e encaminhados ao presídio militar Romão Gomes.

"Ainda dá para confiar na Justiça", disse a mãe da vítima, Maria da Conceição da Silva Alves, 50 anos, após ouvir a sentença.

 "O Carlinhos não conhecia os PMs que o mataram, estava no lugar errado, na hora errada. Agora eles vão pagar pelo que fizeram", afirmou.

 Na quinta-feira, 29, data do início do julgamento, a irmã caçula da vítima deu à luz e batizou o menino de Carlos.

Maria da Conceição não deixou de criticar o trabalho da Corregedoria da Polícia Militar.

"Se dependesse deles, a condenação não teria acontecido. Tive sorte de encontrar pelo meu caminho uma boa equipe da Polícia Civil", disse.

Recurso

Vendramini, advogado dos ex-policiais, disse acreditar na inocência de seus clientes e pedirá a anulação do júri. Ele criticou a atuação do promotor, que teria mostrado uma camiseta com a foto de Carlos e a inscrição "Deficiente mental é morto pela Força Tática", mesmo após proibição expressa do juiz. "O promotor cometeu um golpe baixo para causar comoção entre os jurados", afirmou.

Os quatro ex-policiais não estavam presentes no momento em que a sentença foi lida. Segundo Vendramini, isso foi feito para preservá-los, pois alguns deles teriam manifestado o desejo de cometer suicídio. Joaquim Aleixo Neto, um dos condenados, tinha 28 anos de polícia.

O grupo de extermínio ficou conhecido como "Highlanders" em alusão ao filme estrelado por Christopher Lambert e Sean Connery na década de 80, no qual os guerreiros cortavam a cabeça de seus inimigos.

Segundo a polícia, a cabeça e as mãos das vítimas eram cortadas para dificultar a identificação.

(Com Elvis Pereira, do Jornal da Tarde)
Texto atualizado às 5h55.
http://www.estadao.com.br/noticias/cidades,grupo-de-exterminio-e-condenado-a-18-anos-e-8-meses-de-prisao,588034,0.htm


15 de junho de 2010 • 11h30


Estadão: O Estopim para as mortes de Santos em abril de 2010



Comentários obtidos no site Yahoo!Respostas:

"E foram condenados a apenas 18 anos de prisão! Que país é esse, onde quem deveria nos proteger são os que nos matam e a nossos filhos!
O que irá acontecer com os outros envolvidos em extermínio?
E com os que aceitam propinas e que todo mundo já sabe, inclusive a Ouvidoria de polícia?
Até quando "fingiremos" que está tudo bem!
Chega de hipocrisia!
Beijinhos" - por Bebéia

"Infelizmente esses elementos denigrem a imagem da nossa PM
É lamentável
ABRAÇO! - por Matheus


Guarujá. Favela da Aldeia, onde Anderson dos Santos, acusado de pedofilia, foi sequestrado; em resposta, policiais executaram 23 pessoas

Tudo começou em um pequeno barraco de madeira na Favela da Aldeia, em Vicente de Carvalho, bairro do Guarujá, lugar com ruas de terra encurralado entre o mangue e a linha de trem. Era lá onde o vigilante noturno Anderson Oliveira dos Santos, de 31 anos, vivia com a mulher, Kelly, uma filha e um enteado. Num sábado, dia 2 de abril, Kelly causou comoção na comunidade ao juntar mães que acusavam seu marido de passar filmes pornográficos e molestar quatro crianças.

Era o primeiro capítulo de uma história que duas semanas depois iria desencadear uma série de 23 assassinatos na Baixada Santista, a detenção de 18 policiais militares e levantar suspeitas de que um grupo de extermínio vinha atuando na região. O episódio, cujos indícios apontam para uma vingança destemperada, orquestrada por policiais, refletiu a tensão decorrente da onda crescente de violência nas cidades de Guarujá, São Vicente, Cubatão e Santos, que no ano passado foram as principais responsáveis por elevar os índices de homicídio no Estado depois de dez anos em queda.

Ainda no sábado, Anderson, o vigilante acusado pelos abusos, foi deslocado por cerca de 20 quilômetros em uma van para um barraco na Vila Baiana, favela que fica no pico de um morro do Guarujá. No local, foi organizado um debate que teve a participação de integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC), encabeçado por Eduardinho, chefe do crime na Aldeia, Natal e Gato Félix, além das mães e das crianças envolvidas na história.



No julgamento informal, Anderson provavelmente foi condenado, já que no mesmo dia do debate o acusado desapareceu.



Resposta. Poderia ser só mais uma das sentenças surreais dos tribunais paralelos organizados por criminosos que se espalham pelas periferias do Estado, não fosse Anderson, irmão de um policial militar que trabalhava em Diadema. Nesse caso, a ousadia teria resposta. Juntamente com um grupo de policiais, Célio, irmão de Anderson, iniciou incursões permanentes ao longo de duas semanas em busca do corpo desaparecido.



Foram duas semanas de sofrimento. Quem eles encontravam, davam tabefes. Bateram em deficientes, deram tiro para cima, humilharam mulheres e crianças”, conta a tia de uma das meninas supostamente molestada, que pediu para não ser identificada.

No dia 18 de abril, um domingo, as coisas esquentaram de vez. Uma hora depois do jogo do Santos na semifinal do paulista, às 19 horas, duas motos com homens encapuzados cercaram o Fiat Siena do soldado Paulo Raphael Ferreira Pires e o executaram com dez tiros de fuzil. Testemunhas ouvidas pela polícia disseram que o policial morto e seu irmão, Paulo Rodrigo, também policial do Guarujá, faziam parte do grupo que praticava as incursões na Favela da Aldeia em busca do corpo do vigia desaparecido.

Foi o estopim para que a vingança tivesse início. Ao longo da noite e da madrugada do dia 19, na segunda-feira, cinco pessoas foram mortas no bairro de Vicente de Carvalho, que compreende as favelas da Aldeia, da Prainha e de PaeCara, região onde o policial foi morto.

Dois dias depois, outra pessoa foi assassinada em Vicente de Carvalho e quatro morreram em São Vicente. Assim como aconteceu em São Paulo em maio de 2006, autoridades que investigam o caso acreditam que houve uma resposta emocional por parte de policiais aos ataques de criminosos. E, assim como em São Paulo, na semana dos assassinatos as escolas de Vicente de Carvalho não tiveram aulas, as portas do comércio fecharam e poucos tiveram coragem de sair às ruas.

Desequilíbrio. Depois de dez anos consecutivos registrando queda de assassinatos, o Estado de São Paulo teve alta de homicídios pela primeira vez em 2009. Foi um crescimento sutil, com 1.235 casos, só 33 a mais do que no ano anterior, o que representou menos de 3% de alta. Grande parte do aumento se deve às cidades de Guarujá, Santos, Cubatão e São Vicente que, juntas, tiveram 176 assassinatos, 62 a mais do que em 2008 – crescimento de 54%.


No mês de abril, época dos assassinatos, o índice de homicídios na Baixada Santista foi menor do que em abril de 2009. Apesar do massacre ocorrido na semana de 18 a 26 de abril, a região fechou o mês com 37 homicídios, um a menos do que o total de abril passado.

“Esse episódio reflete um problema que poucos querem enxergar e está se repetindo. O PCC comanda o tráfico nas favelas e é forte na Baixada. São vizinhos de policiais. Muitos deles são ameaçados e não contam com o respaldo do comando. Para muitos policiais, a solução é partir para cima, senão eles perdem o respeito no território”, explica o vereador do Guarujá Ronald Luiz Nicolaci, tenente da Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) entre 1995 e 1998, ex-tenente do Guarujá e Praia Grande, que deixou a polícia há dois anos para assumir a cadeira na Câmara Municipal.

Tensão. Se em maio de 2006, época dos ataques do PCC, a Baixada já havia se destacado como um dos palcos mais sangrentos da semana da suposta reação policial, com dez assassinatos de autoria desconhecida e uma resistência seguida de morte, a tensão entre o crime organizado e policiais se exacerbou de 2008 para cá.

Nas investigações feitas pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) de Santos, ligado ao Ministério Público Estadual, escutas telefônicas na Penitenciária de Presidente Venceslau ligaram crimes cometidos contra quatro policiais em 2008 em Praia Grande (dois homicídios e duas tentativas) a integrantes do PCC. À mesma conclusão chegaram para a morte de dois PMs de São Vicente e de uma ameaça no Guarujá.

“Quando você toma um tapa na cara, ou você abaixa a cabeça ou dá um de volta. Os comandantes da polícia estiveram na rua 20 anos atrás. Não entendem o que ocorre”, diz um policial do Guarujá, que deu entrevista sob a condição de não ser identificado. Com “mais de dez resistências seguidas de morte”, ele diz que dorme com a pistola ao lado da cama e nunca mais andou de carro com a mulher e o filho, para evitar riscos.



O comando de Policiamento da PM do Interior 6, responsável pela Baixada e Vale do Ribeira, pondera que muitos policiais são vítimas de assassinatos durante os bicos. E lembra que na sexta-feira foi preso o assassino do sargento Luiz Alberto Pereira, morto em 2007 enquanto fazia a segurança de um condomínio no Guarujá. Segundo o comando, as investigações mostraram que ele morreu não porque era PM, mas porque interveio em um caso de roubo.

 Em 2009, 66 policiais morreram durante a folga no Estado.

http://global.org.br/programas/o-estopim-para-as-mortes-de-santos-em-abril-de-2010/

11 de junho de 2010 • 17h06



Testemunha do caso Manoel Mattos sofre atentado


Nota Pública – 11 de junho de 2010

Na noite desta quarta-feira, dia 9 de junho de 2010, Maximiano Rodrigues Alves sofreu um atentado a bala no município de Itambé, em Pernambuco. Testemunhas afirmam que um homem na garupa de uma moto efetuou quatro disparos de arma de fogo contra Maximiano, que foi atingido por um tiro de raspão na cabeça. O comerciante, de 45 anos, é testemunha no processo que investiga a execução, em janeiro de 2009, do advogado e ex-vereador Manoel Mattos, que desde a década de 1990 denunciava a ação de grupos de extermínio na fronteira entre Pernambuco e Paraíba.

É fundamental que se esclareça se existe ou não relação entre o atentado e o assassinato de Manoel Mattos. No entanto, levando-se em consideração que o trabalho investigativo e o processamento judicial do crime ficarão nas mãos das autoridades locais, as perspectivas de elucidação não são das melhores. Nos últimos dez anos, mais de 200 crimes de execução foram praticados entre PE e PB, mas, apesar das denúncias qualificadas e dos esforços da Promotora de Justiça da Comarca de Itambé (PE), Dra. Rosemary Souto Maior, os grupos de extermínio continuam articulados e grande parte dos crimes permanece sem solução.

Não por acaso. É notória a participação de policiais e a influência de magistrados e políticos nos ‘esquadrões da morte’ da região. Em 2005, a CPI dos grupos de extermínio da Câmara dos Deputados determinara a investigação de suspeitos, mas as resoluções não foram cumpridas. O relatório final fazia menção direta a nomes de delegados, de policiais, de um promotor, um juiz e até um deputado, todos acusados de participação direta ou conivência com os grupos.

Antes, em 2002, a OEA já havia determinado ao Brasil a garantia de proteção da vida e da integridade física de Manoel Mattos e de outras quatro pessoas que denunciavam grupos de extermínio na divisa entre Pernambuco e Paraíba – entre elas a Dra. Rosemary e os deputados federais Luiz Couto e Fernando Ferro. Apesar desta decisão e de todas as denúncias, a falta de apuração das autoridades locais e o descaso com as determinações da OEA foram determinantes para o assassinato de Manoel Mattos.

O atentado de quarta-feira – e a desconfiança de que seja feita uma investigação isenta – é mais um episódio que evidencia a urgência de que, naquela região, a competência de investigar e processar crimes atribuídos a grupos de extermínio não fique à mercê da influência de agentes públicos ligados justamente aos grupos criminosos.

Isso só seria possível através da instauração do Incidente de Deslocamento de Competência (IDC), um mecanismo jurídico que permite a federalização da investigação, do processamento judicial e do julgamento de crimes. Em outras palavras, significa dizer que a competência é transferida diretamente para a Polícia Federal, para o Ministério Público Federal e para a Justiça Federal, o que, em teoria, garante maior isenção.

No dia 24 deste mês de junho, o pedido de Incidente de Deslocamento de Competência (IDC) para o assassinato de Manoel Mattos completa um ano emperrado no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Fundamentado em um dossiê encaminhado pela Justiça Global e pela Dignitatis à Procuradoria Geral da República, o IDC não objetiva apenas a investigação do homicídio, mas abarca todas as denúncias envolvendo grupos de extermínio na fronteira entre Pernambuco e Paraíba.

O atentado sofrido por Maximiano ocorre apenas uma semana após a divulgação do relatório da ONU sobre execuções sumárias no Brasil, que citou textualmente o caso de Manoel Mattos e reforçou a importância dos processos de federalização. “Os esforços para combater os grupos de extermínio (no Brasil) foram recebidos com resistência violenta. (…) A tendência geral tem sido de que os casos não são transferidos (para a esfera federal). Um pedido de federalização sobre o assassinato de Manoel Mattos estava ainda pendente de julgamento até a data deste relatório”, diz o texto do documento.

Junto com dona Nair Ávila, mãe de Manoel Mattos, as organizações abaixo assinadas reforçam a necessidade de instauração do IDC e comunicam que estão oficiando a ONU, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA, o Ministério da Justiça, a Secretaria Especial de Direitos Humanos e a própria ministra do STJ, Laurita Vaz, relatora do processo de IDC, sobre o atentado de quarta-feira.

Nair Ávila
Dignitatis Assessoria Técnica Popular
Justiça Global

Gabinete de Assessoria Jurídica às Organizações Populares
Movimento Nacional de Direitos Humanos de Pernambuco

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1 de junho de 2010 • 12h00 - Destaque

No dia em que faria aniversário, Manoel Mattos é citado em relatório da ONU

Advogado executado por grupos de extermínio completaria 42 anos hoje;

Relator da ONU destacou que o pedido de federalização do crime continua sem ser julgado pelo STJ

Divulgado hoje, terça-feira (1 de junho), o relatório sobre execuções sumárias das Nações Unidas faz menção direta duas vezes ao caso do advogado e ex-vereador Manoel Mattos, morto em janeiro de 2009 por grupos de extermínio que ainda atuam na fronteira entre Pernambuco e Paraíba. Além de ressaltar as ameaças de morte sofridas e o ativo trabalho do advogado e ex-vereador Manoel Mattos em denunciar e combater os grupos de extermínio, o documento critica o fato de, cerca de um ano e meio após o assassinato, o pedido de federalização do crime (e de todos os homicídios cometidos por estes grupos na região) ainda não ter sido votado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).

“Os esforços para combater os grupos de extermínio foram recebidos com resistência violenta. (…) O Relatório observou que existe a promessa de reformas para permitir que alguns casos que envolvem violações de direitos humanos sejam transferidos de tribunais estaduais para federais (e sejam investigados pela Polícia Federal). No entanto, a tendência geral tem sido de que os casos não são transferidos. Um pedido de federalização sobre o assassinato de Manoel Mattos estava ainda pendente de julgamento até a data deste relatório.”

O Incidente de Deslocamento de Competência (IDC), instrumento que permite a federalização de crimes, está previsto na Constituição desde 2004, mas, apesar de ser importante em casos que envolvem agentes do Estado e outros atores de influência, nunca foi usado. “A maioria dos envolvidos nos grupos de extermínio entre PE e PB é ligada à polícia ou à política local. Não existe a mínima isenção para investigar e julgar o crime”, disse Nair Ávila, mãe de Manoel Mattos, que já foi ameaçada de morte. “Nas audiências eu vejo pessoas debochando do julgamento e tenho que suportar depoimentos que foram claramente comprados difamando a história de luta de meu filho. Isso está me deixando doente”, completa dona Nair.

Organizações oficiaram o STJ no intuito de acelerar o processo de federalização

As organizações Justiça Global e a Dignitatis enviaram hoje um ofício com a cópia do relatório da ONU para representantes do governo federal e também para a ministra Laurita Vaz do STJ, responsável pelo pedido de federalização do homicídio de Manoel Mattos. “Esperamos que a referência direta da ONU ao caso de Manoel Mattos possa influenciar para que o pedido de federalização seja rapidamente apreciado pelo tribunal”, afirmou Andressa Caldas, diretora da Justiça Global, uma das organizações que trabalharam como fonte de informação do relator durante a visita de 2007.

A federalização em outros casos

Em 2005, o STJ negou o IDC pedido no caso do assassinato da missionária Dorothy Stang por pistoleiros, no Pará. Recentemente, no dia 17 de maio, a Justiça Global e a Defensoria Pública do Estado de São Paulo solicitaram à PGR que um pedido de federalização seja feito no caso de seis casos envolvendo nove jovens mortos por grupos de extermínio formados por policias em maio de 2006 na Baixada Santista.

Relatório ressalta não cumprimento de recomendações

O documento divulgado hoje é um ‘relatório de seguimento’, que analisa o cumprimento pelo Estado brasileiro das recomendações feitas no relatório publicado em 2008 pelo Relator Especial da ONU sobre Execuções Sumárias, Arbitrárias ou Extrajudiciais, Sr. Philip Alston, que esteve em missão especial no país em 2007.

O Relatório da ONU destaca que há alguns avanços feitos pelo governo, mas que nenhuma ação concreta foi tomada sobre muitas outras recomendações do Relator Especial. “Na verdade, execuções extrajudiciais continuam generalizadas e os números de mortes por policiais continuam em níveis inaceitavelmente altos”. Alston destacou também que “milícias e esquadrões da morte continuam a operar com a participação de membros da polícia e, por vezes com relações com oficiais de alto escalão e políticos”.

O documento da ONU analisou também a situação alarmante da violência policial no país, os homicídios dentro de unidades prisionais e a atuação de milícias e grupos de extermínio formados por agentes públicos. O relatório critica que ainda hoje a grande maioria das execuções extrajudiciais no Brasil não resulta em prisões e condenações, em grande parte devido a falhas na investigação policial e provas periciais, e problemas – e insuficiência – nos programas de proteção das testemunhas e ouvidorias.



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