Só algumas notas. Aliás: um pedido.
Alguém sabe o que se passa na Líbia? Alguém tem notícias certas?
Porque a situação seria ridícula se não fosse que esta é uma guerra.
Há alguns dias (no mínimo desde o passado Domingo) os rebeldes conquistaram Tripoli: esta é a notícia divulgada pelos media.
Hoje a guerra continua.
Mas contra quem se até o bunker de Khadafi foi pesadamente bombardeado?
Porque os rebeldes anunciaram no passado Domingo a captura do filho de Khadafi, Saif-Al-Islam, e este continua a deixar-se fotografar com o punho levantado no meio de forças amigas?
Como é possível para Saif-Al-Islam (capturado pelos rebeldes) ir até o hotel onde moram os jornalistas ocidentais (o Rixos Hotel), convida-los para passeio de carro para mostrar os pontos quentes de Tripoli, e depois voltar no próprio quartel geral como se nada fosse?
Quem eram as pessoas que ameaçaram os jornalistas ocidentais para que estes não divulgassem as imagens dos hospitais bombardeados pelas forças da Nato?
Porque os seguintes jornalistas e outros ainda foram ameaçados de morte após terem divulgados notícias contrárias à versão da Nato/OTAN?
Lizzie Phelan, que relata como Khadafi distribuiu armas entre os cidadãos para resistir aos ataques;
Meyssan (Rede Voltaire), que descreve os bombardeios da Nato ao longo da noite para que os rebeldes pudessem avançar no dia seguinte;
Madhi Nazemroaya, que na televisão Russia Today fala das ameaças de morte.
Por que algumas embaixadas se ofereceram para acolher estes jornalistas ameaçados e as forças da Nato circundaram as mesmas embaixadas, impedindo assim aos jornalistas de poder refugiar-se nelas?
Como é possível que Jihadistas do Afeganistão estejam presentes entre as FORÇAS REBELDES, sem que ninguém da Nato/OTAN tenha alguma coisa a dizer? (mas no afeganistão a mesma Nato não está a combater estes Jihadistas? Ok,ok, vamos em frente, pois também aqui haveria muito para dizer...)
Como é que já circulam fotografias de Khadafi morto? (Photoshop)
Entretanto, é bom lembrar alguns pontos.
O embargo das armas foi aplicado apenas para uma das partes do conflito: o governo líbio não foi autorizado a armar-se, os rebeldes são armados pela França e pelo Qatar (e por muitos outros estados, provavelmente).
O governo da Líbia e a União Africana querem começar as negociações de paz, a Nato e os rebeldes NÃO QUEREM FALAR DE PAZ mas continuar a bombardear o País.
A Nato está claramente a tomar o lado dos rebeldes, e, portanto, viola a resolução da ONU que não diz nada sobre o facto dalguns civis serem mais dignos de protecção do que outros.
O objetivo da Nato tornou-se a destruição da possibilidade do povo líbio poder defender-se contra os bombardeiros estrangeiros e alguns grupos rebeldes que não representam o povo da Líbia; muitos soldados também foram mortos enquanto estavam numa atitude defensiva, na protecção dos civis contra as ATROCIDADES cometidas pelas forças rebeldes.
A resolução da ONU nada diz sobre a possibilidade de derrubar o líder dum País soberano: mas é exactamente isso que a Nato está a fazer.
A televisão estatal da Líbia foi bombardeada após ter mostrado as ATROCIDADES e as muitas mortes causadas pela Nato e pelos rebeldes:
quem, no interior da Nato, autorizou esta operação?
A
Batalha de Tripoli não acabou e já as companhias de petróleo estão em luta para ganhar o controle dos campos de petróleo da Líbia, os presidentes dos
Países da Nato planeiam o que fazer com a
Líbia, como se tivessem o
DIREITO de determinar o futuro daquele País.
A realidade é muito mais triste e revoltante do que os media ocidentais gostam de contar: a Nato bombardeia a entrada oeste de Tripoli contra tudo o que se mexe, há atiradores que disparam contra soldados e civis, há forças do MI6 e da CIA mais alguns "contractors" de empresas mercenárias como a Blackwater.
Tudo isso, querido Leitor, acontece não "apesar de si", mas "graças a si": pois a Nato, com os vários exércitos, está aí com dinheiro do contribuinte.
E quem é o contribuinte?
Ipse dixit.
Fonte:
http://informacaoincorrecta.blogspot.com/…
Resposta obtida no site Yahoo Respostas:
by Jorge B
Melhor resposta - Escolhida pelo autor da pergunta
"Não bastasse essas informações, onde estariam os exércitos da Líbia? a OTAN (NATO) bombardeia, bombardeia e não aparece ninguém morto, essas bombas são inteligentes e só destróem alvenaria não deixando nenhum corpo de soldado ou civil morto?
Só morrem os mercenários, coitados, massacrados?
Uma pergunta que não me cala: atiradores de elite, só Kadafi os tem? as imagens falam mais do que palavras, eu VI vários atiradores dos revoltosos ou será que as imagens também mentem?
O interessante que as imagens também só mostram que insurgentes morrem, soldados nenhum, afinal, para onde teriam ido as forças leais a Kadafi, viraram pó, se transformaram em fantasmas?
Se os invasores conseguiram chegar até lá, como foi dirigida essa operação se no inicio eles sequer tinham armas?
A NATO (OTAN) forneceu armamentos pesados para os insurgentes e no meio deles infiltrou vários agentes para direcionar a orda de mercenários, bandidos e pessoas ligadas a Al Qaeda.
Como fica a moral da ONU agora? Por isso é que estão explodindo os escritórios da ONU, ela, além de não servir para nada, permite essas barbáries.
Se eu fosse o governo do Brasil, desistira de uma cadeira permanente naquele lugar onde só se autoriza mortandade e para beneficiar apenas um lado da moeda, diga-se os mais fortes e poderosos sedentos de sede por petróleo e água."
Comentário do autor da pergunta:
Realmente, esses órgãos estão FALIDOS. Uma vergonha mundial!!!
Como a OTAN ‘venceu’ na Libia
Publicado em Agosto 29, 2011 por andresvieira
Líbia – Mito da revolução popular e detalhes sórdidos de como a OTAN venceu a guerra
"Rebeldes Líbios" são formados por ex-membros do esquadrão da morte colombiano, mercenários alugados pela CIA, tunisianos desempregados e tribos inimigas de Kadafi
A Líbia é peão muito mais crucialmente importante num tabuleiro ideológico, geopolítico, geoeconômico e geoestratégico mais sério, do que deixa ver o reality show moralista vendido como noticiário pelas redes detelevisão: “rebeldes” idealistas vencem o Inimigo Público n.1.
Tempo houve em que o inimigo público n.1 foi Saddam Hussein; depois,Osama bin Laden; hoje é Muammar Gaddafi; amanhã será o presidente Bashar al-Assad da Síria; um dia será o presidente do Irã, Mahmud Ahmadinejad. Só uma coisa é certa: a ultra reacionária Casa de Saud nunca é o inimigo público n. 1.
Como a OTAN venceu a guerra
Apesar do reaparecimento espetacular do filho de Gaddafi, Saif al-Gaddafi, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) virtualmente já venceu a guerra civil líbia (“atividade militar cinética”, como insiste a Casa Branca).
As massas do “povo líbio” foram, no máximo, espectadoras, ou atores com papel pequeno, mostrados sob a forma de poucos milhares de “rebeldes” armados com Kalashnikovs.
Inicialmente, apostaram em “R2P” (“responsabilidade de proteger”). Mas, logo no início, essa “R2P”, manobrada por França e Grã-Bretanha e apoiada pelos EUA, já apareceu convertida, por passe de mágica, em “mudança de regime”. Daí em diante, as estrelas do show nessa produção foram “conselheiros”, “empresas contratadas” ou “mercenários” ocidentais e monárquicos.
A OTAN começou a ganhar a guerra, ao iniciar a Operação Sirene no Iftar – sirenes que soaram interrompendo o jejum do Ramadan – no sábado à noite.
“Sirene” foi o nome código para invadir Trípoli.
Foi o gesto final – e desesperado! – da OTAN, para mostrar força, quando ficou claro que os “rebeldes” caóticos nada haviam conseguido, nem depois de cinco meses de luta contra as forças de Gaddafi.
Até aquele momento, o “Plano A” da OTAN era assassinar Gaddafi. O que os garotos-propaganda da R2P – de direita e de esquerda – chamavam de “pressão continuada pela OTAN” acabou com a OTAN pedindo a Deus que acontecesse um de três milagres: que conseguissem assassinar Gaddafi; que Gaddafi se rendesse; ou que sumisse.
Não que qualquer desses resultados tivesse impedido a OTAN de bombardear residências, universidades, hospitais e até áreas bem próximas do Ministério do Exterior. Tudo – e todos – virou alvo da OTAN.
A “Operação Sirene” mostrou elenco colorido de “rebeldes da OTAN”, fanáticos islâmicos, jornalistas alugados “incorporados”, grupos sempre voltados para as câmeras de televisão e jovens da Cyrenaica manipulados por desertores oportunistas do governo Gaddafi, de olho nos gordos cheques das gigantes Total e BP, do petróleo.
Para a operação “Sirene”, a OTAN trouxe armamento (literalmente) novinho em folha: helicópteros Apache atirando sem parar e jatos bombardeando furiosamente tudo que havia à vista. A OTAN supervisionou o desembarque de centenas de soldados de Misrata na costa leste de Trípoli, enquanto um navio de guerra da OTAN distribuía armamento pesado para os “rebeldes”.
Só no domingo, o número de civis mortos pode ter chegado a 1.300 em Trípoli, com pelo menos 5.000 feridos. O Ministério da Saúde anunciou que os hospitais estão superlotados. Quem, àquela altura, ainda acreditasse que o furioso bombardeio pela OTAN tivesse algo a ver com “responsabilidade de proteger” e Resolução n. 1.973 da ONU merecia internamento em hospício.
Antes de iniciar a “Sirene”, a OTAN bombardeou furiosamente Zawiya – cidade chave, de grande refinaria de petróleo, 50km a oeste de Trípoli. Com isso, a população de Trípoli ficou sem combustível para os carros. Segundo a própria OTAN, pelo menos metade das forças armadas líbias foram “degradadas” – em língua do Pentágono, significa que a OTAN destruiu metade do exército líbio, entre soldados mortos ou muito gravemente feridos. Foram dezenas de milhares de mortos. Esse massacre explica também o misterioso desaparecimento dos 63 mil soldados encarregados de defender Trípoli. E também explica que o regime de Gaddafi, que se manteve no poder durante 42 anos, parece ter caído em menos de 24 horas.
O toque da “Sirene” macabra da OTAN – depois de 20 mil missões e mais de 7.500 ataques contra alvos no solo – só foi possível por causa de uma decisão crucial do governo Barack Obama no início de julho, como se lê hoje no Washington Post: os EUA passaram [em julho] a “partilhar material mais sensível com a OTAN, inclusive imagens e sinais interceptados, que passaram a ser fornecidos, além de aos pilotos no ar, também a soldados de equipes britânicas e francesas de operações especiais no solo” [2].
Quer dizer: sem a contribuição do descomunal poder de fogo dos EUA e correspondentes agentes, satélites e aviões-robôs (drones) tripulados à distância, a OTAN ainda estaria atolada na Operação Pântano Eterno Sem Saída na Líbia – e o governo Obama jamais conseguiria extrair desse drama “militar cinético” nem, que fosse, algum simulacro de grande vitória.
Quem são essas pessoas?
Quem são essas pessoas que, de repente, irromperam em festas nas telas de televisão dos EUA e Europa? Depois de sorrir para as câmeras e disparar tiros de Kalashnikovs para o alto… preparem-se para, em breve, outros fogos explodindo na noite: fogos fratricidas.
Conflitos étnicos e tribais estão a ponto de explodir. Muitos dos berberes das montanhas do oeste, que entraram em Trípoli vindos do sul no fim de semana, são salafitas linha (muito) dura. O mesmo se deve dizer da “nuvem” salafitas/Fraternidade Muçulmana da Cyrenaica – que recebeu instrução diretamente de agentes da CIA-EUA que estão na região. Dado que esses fundamentalistas "usaram" os europeus e norte-americanos para aproximar-se do poder, ninguém duvide que se organizarão rapidamente como furioso grupo guerrilheiro, caso sintam-se marginalizados pelos chefões da OTAN.
A tal grande “revolução” com base em Benghazi, que foi vendida ao ocidente como movimento popular, sempre foi mito. Há apenas dois meses, os “revolucionários” armados mal chegavam a 1.000. A OTAN então decidiu construir ela mesma um exército mercenário – que reuniu os tipos mais assustadores, de ex-membros de um esquadrão da morte colombiano a pessoal recrutado no Qatar e nos Emirados Árabes Unidos, associados a tunisianos desempregados e membros das tribos inimigas da tribo de Gaddafi. O pessoal é esse, acrescido de esquadrões de mercenários alugados pela CIA – salafitas em Benghazi e Derna – e a gangue da Fraternidade Muçulmana, gente da equipe da Casa de Saud.
É difícil não lembrar da gangue da droga do UCK (Ushtria Çlirimtare e Kosovës, Exército da Libertação do Kosovo) – na guerra que a OTAN “venceu” nos Bálcãs. Ou dos paquistaneses e sauditas, com apoio dos EUA, que armaram “combatentes da liberdade” no Afeganistão nos anos 1980s.
E há também o muito suspeito grupo de personagens que compõem o Conselho Nacional de Transição [ing. Transitional National Council (TNC)], de Benghazi.
O chefe, Mustafa Abdel-Jalil, foi ministro da Justiça de Gaddafi de 2007 até desertar, dia 26/2/2011, estudou direito civil e sharia na Universidade da Líbia. Talvez esteja habilitado a cruzar lanças retóricas com os fundamentalistas islâmicos em Benghazi, al-Baida e Delna, mas pode usar seus conhecimentos para fazer avançar seus interesses em algum novo arranjo do poder.
Mahmoud Jibril, presidente do conselho executivo do TNC, estudou na Universidade do Cairo e, depois, na University of Pittsburgh. É a principal conexão com o Qatar: trabalhou na gestão do patrimônio de Sheikha Mozah, esposa super poderosa do emir do Qatar.
Há também o filho do último rei da Líbia, rei Idris, que Gaddafi derrubou há 42 anos (em golpe sem derramamento de sangue). A Casa de Saud adoraria ver nascer uma nova monarquia no norte da África. E o filho de Omar Mukhtar, herói da resistência contra o colonialismo italiano – figura mais secular.
O novo Iraque?
Esperar que a OTAN vença a guerra e entregue o poder aos “rebeldes” é piada. A Agência Reuters já noticiou que uma “força-ponte” de cerca de 1.000 soldados do Qatar, Emirados e Jordânia chegará a Trípoli para atuar como polícia. E o Pentágono já começou a “vazar” que militares norte-americanos atuarão “em terra” para “auxiliar na segurança dos equipamentos”. Toque sutil, que diz bem claramente quem realmente estará no comando: os neocolonialistas “humanitários” e seus asseclas árabes.
Abdel Fatah Younis, o comandante “rebelde” assassinado pelos próprios “rebeldes” era homem do serviço secreto francês. Foi morto por uma facção da Fraternidade Muçulmana – exatamente quando Sarkozy, o Grande Libertador de Árabes, tentava negociar algum acordo com Saif al-Islam, filho de Gaddafi formado pela London School of Economics e, ontem, renascido dos mortos.
Tudo isso para dizer que os grandes vencedores são Londres, Washington, a Casa de Saud e o Qatar (que mandou jatos e “conselheiros” e já estão administrando as vendas de petróleo). Com especial menção para o conjunto Pentágono/OTAN – posto que o Comando dos EUA na África (Africom) conseguirá afinal sua primeira base africana no Mediterrâneo; e a OTAN, que está um passo mais próxima de declarar o Mediterrâneo “um lago da OTAN”.
Islamismo? Tribalismo? Esses são pequenos problemas, ante a nova terra da fantasia que se escancara para o neoliberalismo. Já praticamente ninguém duvida que os novos mestres do ocidente tentarão reviver versão amigável da nefasta, rapace, nefanda Autoridade Provisória da Coalizão [ing. Coalition Provisional Authority (CPA)], convertendo a Líbia em delírio neoliberal hardcoreà custa de 100% das propriedades líbias, com repatriação de lucros, corporações ocidentais com os mesmos direitos que as empresas locais, bancos estrangeiros comprando os bancos locais, renda baixa para os pobres e impostos idem para as empresas.
Simultaneamente, a fissura profunda que separa o centro (Trípoli) e a periferia, pelo controle dos recursos de energia, se aprofundará. BP, Total, Exxon, todas as gigantes ocidentais do petróleo serão fartamente recompensadas pelo Conselho de Transição – em detrimento de empresas chinesas, russas e indianas. E soldados da OTAN “em terra” certamente ajudarão a impedir que o Conselho saia da linha.
Executivos da indústria do petróleo estimam que demorará no mínimo um ano para que a produção de petróleo volte ao nível de antes da guerra civil, de 1,6 milhões de barris/dia, mas dizem que os ganhos anuais do petróleo renderão aos novos governantes cerca de US$50 bilhões de dólares/ano. Muitos estimam que as reservas líbias alcancem 46,4 bilhões de barris de petróleo, 3% do petróleo do mundo, equivalendo a cerca de $3,9 trilhões aos preços de hoje. As reservas conhecidas de gás líbio chegam a 5 trilhões de pés cúbicos.
No frigir dos ovos, “R2P” vence. O imperialismo humanitário vence. As monarquias árabes vencem. A OTAN como Robocop global vence. O Pentágono vence. Mas nem tudo isso satisfaz os suspeitos de sempre – que já pedem o envio de uma “força de estabilização”. E tudo isso enquanto os progressistas categoria “perderam-o-rumo-e-o-prumo” em várias latitudes, continuam a louvar a Sacra Aliança entre neocolonialismo ocidental, monarquias árabes ultra reacionárias e salafitas hardcore.
Ainda não terminou. Só terminará quando a onça árabe aparecer p’rá beber água . Seja como for, próxima parada: Damasco.
Texto de Pepe Escobar, traduzido pelo Coletivo Vila Vudu