O dia 21 de abril — feriado nacional em memória do herói da Inconfidência, Tiradentes — não poderia ser mais apropriado para o lançamento do novo partido de esquerda brasileiro, o Partido Pátria Livre (PPL), formado por integrantes do histórico Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR8).
O lançamento do PPL lotou, no último dia 21, o auditório Elis Regina, com capacidade para 800 pessoas, no Centro de Convenções do Anhembi, em São Paulo.
Antes do ato político, o PPL realizou um encontro no qual oficializou a constituição de 19 comitês estaduais provisórios e elegeu, também em caráter provisório, sua direção nacional, que será presidida pelo atual secretário-geral do MR8, Sérgio Rubens de Araújo Torres.
Centenas de filiados e lideranças do PMDB — partido que até então abriga os militantes do MR8 — prestigiaram o lançamento do novo partido. Também compareceram ao ato político representantes de outros partidos como PT, PCdoB, PSB, PDT, PCB e do Partido Comunista da Bolívia.
Todos saudaram a iniciativa de criação de uma nova agremiação de esquerda, de orientaão marxista-leninista, e lembraram a importante trajetória do MR8, sua contribuição para a redemocratização do país e suas lutas em defesa da soberania, desenvolvimento e justiça social.
O jornalista José Reinaldo Carvalho — que representou a direção nacional do PCdoB no ato de fundação do PPL — saudou a nova legenda como ”um partido necessário para o país e para a esquerda”.
O dirigente comunista lembrou que o PPL surge num momento crucial da história política brasileira e internacional.
Um momento em que ressurgem ameaças à nossa soberania, como a reativação da Quarta Frota; em que o capitalismo sofre um grande abalo com a atual crise econômica e em que América Latina inaugura um novo período marcado pela resistência ao neoliberalismo e por inovadoras experiências de construção do socialismo.
A sigla MR8 (Movimento Revolucionário 8 de Outubro) presta homenagem ao guerrilheiro Ernesto Che Guevara ao referir-se à data (8 de outubro) em que Guevara foi preso na Bolívia e depois assassinado pelos miltares daquele país, em 1967.
Oriundo de uma dissidência do PCB e atuante desde o final da década de 60, o MR8 viu passar por suas fileiras importantes figuras do movimento de resistência à ditadura como Franklin Martins, Fernando Gabeira, Lamarca, Stuart Angel, Cid Benjamin, entre vários outros.
Com o início do processo de redemocratização do país, o movimento passou a atuar partidariamente dentro do PMDB e com atuação concreta nos movimentos sociais, sobretudo no movimentos estudantil e sindical, com forte presença na CGTB (CGTB — Central Geral dos Trabalhadores do Brasil). O MR8 edita atualmente o JORNAL HORA DO POVO.
Em São Paulo, o dirigente peemedebista Orestes Quércia era tido como forte apoiador do grupo, mas a recente aproximação de Quércia com o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), levou as lideranças do MR8 a repensarem a permanência no PMDB.
Chegou-se a cogitar a possibilidade do MR8 passar a integrar o Partido dos Trabalhadores, atuando dentro dele como tendência, mas acabou prevalendo a decisão de se lançar um novo partido.
As bases para o lançamento do PPL foram definidas em reunião do Comitê Central do MR8 em dezembro do ano passado.
No manifesto de lançamento, intitulado ”Carta ao Povo Brasileiro” (que pode ser lida aqui ), o movimento analisa o momento político do país e do mundo e expõe em linhas gerais as principais idéias e pressupostos do novo partido.
”Da letra do Hino da Independência vem o nome deste novo partido que convocamos a brava gente brasileira a construir conosco: Partido Pátria Livre. Porque é exatamente disso que se trata: concentrar todas as energias para completar a grande obra da independência nacional”, diz o documento, destacando que essa construção, ”que começou com Tiradentes, passou por Getúlio e chegou a Lula, já foi realizada. Mas a que falta deixa o país e o povo vulneráveis à espoliação externa que tolhe o nosso desenvolvimento econômico, político, social e cultural”.
O partido elenca ”cinco pressupostos básicos” pelo qual deve se guiar. Entre eles a superação das relações de produção dependentes, ou seja, a conquista da plena independência nacional; a constituição de uma frente de forças políticas e sociais que abrace e transforme cada vez mais em realidade viva o projeto nacional-desenvolvimentista; fortalecer a frente que está hoje constituída pelos partidos que integram a base do governo Lula com destaque para o PT e o PMDB; reforçar a atuação do partido no movimento sindical e nos movimentos sociais em defesa dos interesses dos trabalhadores e construir uma ”sociedade socialista, onde o mercado, ao invés de devastado pelos monopólios, seja superado pelo planejamento consciente do conjunto das atividades econômicas, à medida que os meios de produção se convertam em propriedade pública, através de um Estado que incorpore crescentemente às suas atividades as amplas massas da população, até esgotar seu papel e extinguir-se”.
O programa do Partido Pátria Livre, bem mais extenso que a Carta, segue a mesma linha. Faz um balanço da história recente do país, enaltece períodos como a era Vargas e destaca que um dos grandes desafios do momento é apostar no mercado interno, no investimento público, no fortalecimento do Estado e das empresas nacionais e na proteção dos direitos dos trabalhadores.
E conclui afirmando que o PPL se ”propõe a reforçar a ampla frente de partidos, entidades e movimentos populares que dá sustentação política ao governo do presidente Lula e lutar incansavelmente pela sua unidade para que ela marche coesa nas eleições de 2010.”
Pelas normas do TSE, o PPL tem até junho de 2009 para obter as 500 mil assinaturas de apoio, necessárias à criação do novo partido. Caso consiga obter o registro provisório em tempo hábil, o partido pretende lançar candidatos já nas eleições de 2010.
As informações são do Portal Vermelho
Partido Pátria Livre instala diretório estadual no Amazonas
25/04/11 - Após três décadas dentro do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), os comunistas do MR-8 - Movimento Revolucionário Oito de Outubro - decidiram se desligar do partido e fundar, em 21 de abril do ano 2009, junto com militantes que saíram de outras siglas, uma legenda própria: o PPL - Partido Pátria Livre.
Com diretórios já instalados em nove estados, neste domingo foi criado mais um, em Manaus. Dezenas de militantes realizaram o primeiro Congresso Municipal e Estadual da sigla, no auditório do Instituto Federal do Amazonas, pré-requisito para obtenção do registro junto aos Tribunais Regional e Superior Eleitoral, para se tornar oficialmente um partido.
De acordo com Lenivaldo Ribeiro, eleito Presidente do Diretório Estadual, o novo partido, que apoiou a candidatura da presidente da República, DILMA Rousseff, tem um perfil de esquerda nacionalista e segue a linha ideológica marxista-leninista.
Lenivaldo Ribeiro destacou algumas das bandeiras de luta do novo partido.
“Defesa da soberania nacional, defesa do pré-sal, das riquezas naturais e os direitos dos trabalhadores. Estamos levantando que todos os setores da sociedade devem se unir em torno de um projeto, pra concretizar a independência do país, tanto social, quanto economicamente, em relação aos países subdesenvolvidos.”, afirma.
Segundo Lenivaldo, o PPL reúne 30 mil adesões em todo o Amazonas e a meta é lançar candidatos a vereador nas eleições de 2012.
Sobre a eleição majoritária para a prefeitura de Manaus, o presidente do PPL revelou que as lideranças do partido ainda estão conversando para decidir se vão fazer alianças e como vão compor. “Estamos conversando com partidos que hoje atuam na política local e discutindo a possibilidade de fechar novas coligações. Trabalhamos para assumir um espaço, minoritário ou não, dentro desse cenário.”, disse o presidente do PPL.
Legenda diversificada
Diversificada, a legenda do PPL reúne representantes de vários segmentos da sociedade: Servidores públicos federais, estaduais e municipais, lideranças comunitárias, pastores evangélicos, mototaxistas e profissionais liberais.
Notoriedade
O MR-8, Movimento que deu origem ao Partido Pátria Livre ganhou notoriedade no final da década de 60 ao COMBATER A DITADURA MILITAR pela via armada. Com militantes como Fernando Gabeira, Carlos Lamarca, Franklin Martins e César Benjamin, o movimento defendia a revolução para derrubar o governo e instalar no Brasil um Estado Socialista.
Um pouco de HISTÓRIA:
Manifesto do seqüestro do embaixador americano. Rio (1969)
De pé, a partir da esquerda: Luís Travassos, José Dirceu, José Ibrahim, Onofre *****, Ricardo Vilas, Maria Augusta, Ricardo Zarattini e Rolando Frati. Agachados: João Leonardo, Agonalto Pacheco, Vladimir Palmeira, Ivens Marchetti e Flávio Tavares.
No dia 4 de setembro de 1969, militantes de duas organizações que se propunham a derrubar a ditadura através da luta armada, a Ação Libertadora Nacional (ALN) e o Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8), capturaram o embaixador dos Estados Unidos numa rua do bairro de Botafogo, no Rio, exigindo a libertação de 15 presos políticos e a divulgação do manifesto abaixo como condição para a devolução do diplomata. Foi a mais espetacular ação da guerrilha urbana, que se iniciara timidamente em 1968 e ganhara enorme impulso depois do AI-5. O governo atendeu às reivindicações dos revolucionários: os presos políticos foram enviados para o México e o manifesto foi publicado nos principais jornais e divulgado em todas as rádios e televisões. Libertado o embaixador, seguiu-se feroz repressão, que levou em novembro do mesmo ano ao assassinato de Carlos Marighella,. líder da ALN e principal dirigente da luta armada contra a ditadura.
“Grupos revolucionários detiveram hoje o sr. Charles Burke Elbrick, embaixador dos Estados Unidos, levando-o para algum lugar do país, onde o mantêm preso. Este ato não é um episódio isolado.
Ele se soma aos inúmeros atos revolucionários já levados a cabo: assaltos a bancos, nos quais se arrecadam fundos para a revolução, tomando de volta o que os banqueiros tomam do povo e de seus empregados; ocupação de quartéis e delegacias, onde se conseguem armas e munições para a luta pela derrubada da ditadura; invasões de presídios, quando se libertam revolucionários, para devolvê-los à luta do povo; explosões de prédios que simbolizam a opressão; e o justiçamento de carrascos e torturadores.
Na verdade, o rapto do embaixador é apenas mais um ato da guerra revolucionária, que avança a cada dia e que ainda este ano iniciará sua etapa de guerrilha rural.
Na íntegra AQUI: http://www.franklinmartins.com.br/estaca…